Como educadoras,
entendemos que educar não significa simplesmente estar em uma sala de aula,
transferindo conhecimentos e, sim, dialogar com os alunos, criando situações
para que estes desenvolvam valores éticos e morais de forma consciente com um
olhar crítico, refletindo e opinando sobre a sua visão de mundo. A prática
educativa vai além de transferir conhecimentos. O (a) educador (a) que pensa
certo deixa transparecer aos educandos de que uma das belezas de estar no mundo
é a capacidade de intervir nele, conhecendo-o. Paulo Freire (1996, p. 29)
assegura que
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino [...] Pensar certo, do ponto de vista do professor, tanto implicao respeito ao senso comum no processo de sua necessária superação quanto o respeito e o estímulo à capacidade criadora do educando [...].
Miguel Arroyo (2000),
em seu livro Ofício de Mestre, enfatiza sobre essa questão de ser
professor, mostra essa profissão como uma diferente das demais, especial e fala
da personalidade do professor, mostrando que é “um modo de ser”, no qual acaba
relacionando a vida pessoal com a vida profissional, unindo-as a uma só, e
entrelaçando as “angústias e sonhos” de ambas. Arroyo se refere a essas
duas partes da vida como sendo inseparáveis, dizendo que “não damos conta de
separar esses tempos porque ser professoras e professores faz parte de nossa
vida pessoal” (ARROYO, 2000, p. 27). Assim, podemos perceber que o verdadeiro
profissional educador tem algo em especial para diferenciá-lo das demais
profissões; ele é a peça fundamental para instrução de pessoas que buscam um
futuro digno e melhor.
Sabemos que é
necessário pesquisar para conhecer o que para mim é desconhecido e anunciar ou
comunicar a novidade aos educandos. Pensar certo coloca os professores juntamente
com a escola no dever de respeitar os saberes dos educandos, independente de
classe social. O (a) educador (a) precisa estabelecer uma relação de
familiaridade entre os saberes curriculares e a experiência social que os
alunos têm como indivíduos.
Sendo assim, sugerimos
dois filmes que refletem sobre a prática docente juntamente com seus desafios
em sala de aula para um aprimoramento de suas práticas pedagógicas. O primeiro
filme, “Como Estrelas na Terra- Toda Criança é Especial”, aborda sobre o
tema dislexia. Apresenta a história de um aluno que tem dificuldade de
aprendizagem, e os pais e alguns professores não percebem como essa
situação pode afetar a relação desse aluno na família e na sala de aula.
Percebemos, neste filme, que o ambiente que deve servir de aprendizados e
interações, transformou-se em um espaço estranho, que foge aos padrões
socioeducativos, fazendo com que a autoestima da criança seja abalada,
constrangida, chegando a sofrer maus tratos. Contudo, esse quadro inverte-se com
a chegada de um novo professor que identifica, acompanha, reconhece o problema,
passando a dialogar com a família e a escola, a fim de encontrar a maneira
apropriada para conduzir o aluno de forma igualitária aos demais colegas de
classe. Logo,
como profissionais da educação, precisamos estar atentos aos comportamentos dos
alunos, para, assim, identificarmos suas necessidades e ajudá-los de forma
conjunta.
Já o segundo “Front
of the Class”, a princípio narra a história de um aluno que sofre de uma
síndrome de Tourette, caracterizada por movimentos repentinos, reações
rápidas, tiques, entre outros. Nesse filme, o aluno sofre preconceito por não
controlar esses movimentos repentinos em sala de aula que, para alguns professores
(as), diretores (as) e até o próprio pai, eram vistos como “barulhos estranhos”
que traziam desconforto para os demais colegas e todos que estivessem ao seu
redor. Com o passar do tempo, esse aluno fica adulto e, em meio aos
preconceitos sofridos na infância, ele não desiste de ser um educador, embora
tenha passado por muitas dificuldades. Com sua persistência, ele consegue
formar-se, porém, enfrentaria novos desafios como o preconceito por parte de
alguns educadores (as), diretores (as) e pais de alunos. Todavia, ele consegue
mostrar o seu potencial conquistando não só os colegas de trabalho, como os
seus alunos também.
Percebemos, assim, que,
enquanto educadores, devemos refletir sobre as nossas limitações, para que
estas não nos impeçam de alcançar os nossos objetivos em nossas práticas
pedagógicas e, sim, que nos dediquemos a ensinarmos os alunos, contribuindo
para o seu aprendizado e sua formação.
Dessa
forma, os filmes citados são ótimos para serem trabalhamos, pois ambos passam
uma mensagem de aprendizado e de respeito às diferenças dos sujeitos,
contribuindo para a convivência social. Assim, eles são interessantes ao
retratarem as realidades distintas de pessoas que sofrem por alguma diferença e
precisam do apoio de quem os rodeia. Assim, esses filmes contribuem tanto para
que o aluno quanto o professor consigam refletir sobre a escola, a sala de aula
e suas contingências, a partir das características de cada indivíduo. Essas
histórias tornam-se importantes no espaço escolar para que os sujeitos que
participam da prática educativa possam aprender cada vez mais a importância da palavra RESPEITO.
Catiane Oliveira e Thiara Almeida
REFERÊNCIAS
ARROYO, Miguel Gonzalez. Ofício de Mestre: imagens e auto-imagens. 2ª ed. Petrópolis, RJ, 2000.
FREIRE,
Paulo- Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. – São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura).